terça-feira, 23 de abril de 2013

A última noite de Eliza

Um dia hei de descrever o amor como ela descreve. Como descreveu. Um dia hei de presenciar cada tombo tolo e cada risada dramática, cada sorriso desviado e os específicos olhares diretos. Cada imagem desfocada por trás do rosto que se esconde, que atrai e vai. Um dia terei a força de encarar o passado como uma folha borrada, e o futuro... apenas os resquícios da tinta.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Guerra dos sonhos

"De olhos bem fechados, sinto as flechas da tua poesia. Sinto o arrepio da espinha, a angústia de quem não sabe onde apontar suas certezas. Aquela confusão gostosa dos nós, que só você desfaz." - Ei! Abre os olhos, aquele livro que você tanto gosta está quase caindo da estante.Você tem mesmo essa mania de deixar as coisas por um fio.Não que eu não acredite que você tenha mudado, mas... essa não é a primeira vez que isso acontece, outra vez eu quero dizer.Você se impõe, se arrisca, esquece do mundo e acaba sempre fazendo o que quer. E você bem sabe que eu tenho razão. Fica então uma eterna guerra entre eu, ele e você. Não estou pedindo que você escolha um de nós, também não vou apelar para o arquivo x. Vou deixar aberto em cima da banca, pra que você se lembre bem. Pensa bem. - Acho que a vida é bem por aí mesmo. Jogar os dados para o alto, sem olhar o resultado depois. Se perder, joga de novo. E de novo, de novo até conseguir seu score mais alto. Não que eu ache que ela seja só um jogo. Mas se arrisca sabe, essa é a única guerra na qual a gente perde uma parte e pode reconstituir depois.Segue em frente, pisa fundo e abre essa janela, deixa o cabelo bagunçado mesmo.Sente aquela liberdade que você tanto ama, que você tanto quer. Percorre cada fonte de desejo, e arremessa sua melhor moeda, nela vai conter todos os seus medos mas principalmente seus desejos. Depois de um tempo, encontrei equilíbrio. Não que ele seja perfeito, mas aprendi a ponderar as massas muito mais do que na escola. Ora pra um lado, ora para o outro... sempre convivendo com esses doces paradoxos. Admito até que sem eles não seria, não existiria tristeza seguida da felicidade, a angústia seguida do alívio. E ainda que eu sinta tudo isso de uma vez, no fim do dia o resultado dá sempre zero, no papel é claro.Fora dele, deixei o arquivo x como um oito deitado e peguei o tal do livro caindo da estante.Era Freud na interpretação de sonhos. E não é que ele acertou?

segunda-feira, 26 de março de 2012

Ambiguidade

Com um certo tempo, a gente vai descobrindo sobre as famosas estações.Mas não aquelas de inverno, verão, primavera e outono.Aquelas que estão submersas, subentendidas, subjetivas.Nada é mais "nada" a partir daquele momento, de quando tudo começa a emergir, a ser irreversível e por consequência imutável.É como apertar o botão de start e esperar pelo game over.Está lá pra acontecer, e você não tem controle.Tudo volta a ser inicial, primário, e mais uma vez encoberto.Como se eu estivesse fora, excluída de algo que eu mesma estou vivendo.Mas que contradição, um paradoxo menos óbvio talvez, mas quem se importa?
Cada passo à frente é cauteloso, delicado de sua forma, por agir intensamente e se arrepender depois, por ter uma razão e ir de encontro à emoção.Tudo muito introspectivo e ao mesmo tempo tão externo, mesmo dependendo da vivência de cada um, da religião, educação, tradição.E porque não falar sobre isso? Porque ter essa dificuldade esplendida de apenas falar sobre? Por isso, sinto muito.É algo meu que acabou por ser inevitável, fluente por vir assim tão naturalmente ainda que esteja forçado a sair.Percebe que vai além de qualquer entendimento? Desejo que fosse nada mais, nada a menos que um drama qualquer, para que assim fosse por menos.E já não é dessa forma...
Talvez seja preciso mais um tempo, mais algumas bofetadas e pistas da felicidade qualquer.Mas infelizmente, evito a paciência como um modo sedento de crê que venha depressa.Que me abraçe por completo e me envolva em tamanha paz de espírito.E por mais que me venham com palavras clichês de reparação ou de retalhos, para essas eu fecho não só os ouvidos e assim também os olhos e me transformo em outro lugar longe, só longe.Sozinha outra vez, mas dessa vez sem opiniões cercantes, é mais fácil esquecer.E muito mais, lembrar.O saber, à essa altura, está além de tudo o que posso conhecer, sentir, pensar até.Então, nada melhor do que simplesmente eu.Mesmo carregando tudo dentro de mim, aqui ainda posso ser eu.

É mais ou menos assim, onde as palavras de socorro são quase as mesmas dos sorrisos.

quinta-feira, 15 de março de 2012


"Holly – Não sou Holly. Não sou nem Lula Mae. Não sei quem eu sou. Sou como esse gato. Somos dois coitados sem nome. Não pertencemos a ninguém e ninguém pertence a nós. Nós nem sequer pertecemos um ao outro.

(…)

Paul – Sabe qual é o seu problema, Srta. Quem-quer-que-seja? Você é medrosa. Não tem coragem. Tem medo de encarar a realidade e dizer “A vida é um fato. As pessoas se apaixonam sim e pertencem umas às outras sim, porque esta é a única chance que têm de serem realmente felizes”. Você acha que é um espírito livre, selvagem e morre de medo de ser enjaulada. Bem, querida, você já está nessa jaula. Você mesma a construiu. E ela não fica em Tulip, Texas ou em Somaliland. Ela está em qualquer lugar que você vá. Porque não importa para onde você corra, você sempre acaba trombando consigo mesma."

terça-feira, 13 de março de 2012

O que se encontra nas entrelinhas

Às vezes é até engraçado o jeito que as coisas tendem a ficar.O quanto tudo em um dia pode acabar sendo o nada do outro dia.O vazio se transformando em... em o que mesmo?É tanta coisa que não dá mesmo pra definir.E eu acabo por me tornar dividida.Em partes.Saudade, amor, raiva, mágoa, respeito, admiração, carinho, e mais saudade.Sei que existe uma hora certa pra cada coisa.Mas pra mim, vem tudo de uma vez.
Não há mais bandeiras brancas, nem às de copas e muito menos camisas escrito "apoio".Nesse momento não há nada que me mantenha sã.E é por isso que eu chamo de meu.Aonde acontece o que não dá pra mostrar, explicar, transbordar.Em que não há fatos, nem teoria.Pois é, essa nem Freud explica.Vai além de mim, do meu pensar e do sentir.Aquela reação do "eu só queria sumir." faz todo sentido.Mas só quando é meu, quando é agora.O que vem depois é outra história, outra parte.Às vezes uma influencia a outra.
Desculpe não demonstrar, ou apenas mostrar pela metade.Ainda não me sinto inteira.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Só amor

Somos finalmente amor.Sou eu e você, você e eu.Nós dois.Por tanto sermos dois, acabamos por ser um.Em alma e coração, de dia até a noite, nos anos ímpares e pares.Somos um par, duas peças, distintas e extintas.Longe de tudo o que nos faz cair, perto de tudo que nos permite sonhar.Perto de tudo que me faça voar, e até asas você me dá, pode isso? Um início de um novo capítulo de um velho livro.O desabrochar de uma flor no inverno.O pensamento ainda em raiz.O renascer dos sentidos.
Amor nas bochechas, nas pontas dos pés, no pé da barriga e até no dedo no umbigo.Carinho no passar dos narizes, nas mãos "percorrentes", no curioso olhar, no doce do sorriso.E vamos alternando, uma hora amor noutra carinho.Até unirmos os dois, e dizer enfim: completo.
Deixo você ter essa suas manias de me pegar sempre de surpresa, quase que me fazendo explodir.Um êxtase sem fim.Uma saudade viciante.Um combo de dois em um.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

De olhos fechados

Talvez eu esteja agindo errado.Ou talvez eu esteja me recusando a ver.Na verdade, nada disso importa muito, sei que é algo como sonho que deve ser guardado exatamente onde está.Trancado às 23 chaves, e não desperta mais.Mas o aroma permanece e muitas vezes é ele quem me faz acordar.É como se a essência jamais se perdesse, como se vivesse para vencer, como se habitasse para sorrir.Você está nas entrelinhas, nas vírgulas, e até nas reticências.Consegue ser único, de algum jeito presente.Por mais que seja apenas uma fantasia, você parece real.Parece sentir cada parte de mim, mesmo que não entenda, mesmo que não goste, você sente por cada metro do meu pensamento, ou pelo menos a sombra dele.
Você também me visita nos sonhos, e se algum deles é real, o silêncio é o único contemplado.Talvez eu queira deixar assim, te olhar de coração aberto e ainda assim com os olhos fechados.E é, você nunca vai entender, mesmo.Não importa o quanto estamos distantes, guardo uma parte sua dentro de mim.E sabe...eu e essa parte, nos entendemos muito bem.Ela sussurra no meu ouvido de manhã,mas o que ela diz?Eu também não sei, mas deve ser algo bonito.Ela também me coloca um sorriso de ponta a ponta, quase que me rasgando.Eu não ligo, essa parte é boa.
Por mais que você não exista mais, ainda existe pra mim.Por mais que só venha até mim em silêncio e assim permanecer.